sexta-feira, 5 de abril de 2013

Inclusão Social na Igreja


INCLUSÂO SOCIAL E ESPIRITUAL NA IGREJA
Rev. Kleiber Almeida Morais[*]

“Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas...” (Tg 2:1-13)

Nunca na História desse País...”. Esta frase tornou-se célebre através da boca do ex-presidente da República Luís Inácio Lula da Silva. Em vários de seus discursos o presidente a empregou como jargão para enfatizar “suas conquistas”. Tomo aqui a liberdade de fazer uso de tão presidenciável frase com o propósito de aplicá-la ao contexto de nossas igrejas evangélicas brasileiras no que tange a um assunto ainda tão pouco “lembrado”.
Nunca na História desse País falou-se, discutiu-se e debateu-se tanto como agora a respeito da acessibilidade e da inclusão social. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) existem hoje no Brasil cerca de vinte e quatro milhões e seiscentas mil pessoas portadoras de deficiências. Dentre estas, mais de nove milhões são portadoras de algum tipo de deficiência física. Para que fique mais claro, isto corresponde a mais de sete vezes o número de habitantes da nossa capital, Goiânia.
Por mais que os dados pareçam nos assustar, o ponto positivo é que Nunca na História desse País cobraram-se tantos investimentos na área da educação, transporte público, esporte e lazer, com o propósito de inclusão social e o direito de ir e vir por parte das assim denominadas pela sociedade “pessoas especiais”. E, por mais que muitas dessas reivindicações já tenham sido atendidas, a verdade é que ainda estamos bem distantes de um modelo ideal de sociedade inclusivista.
Tão ou mais preocupante que a abertura social para os deficientes físicos, é a abertura espiritual que se tem dado a eles. Basta olhar ao redor e logo perceberemos em quão despreparada realidade estão inseridas as nossas igrejas. A começar pelas estruturas e arquiteturas de nossos templos, passando por pessoal (in)capacitado e chegando até o próprio interesse dos líderes, não seria mera falácia aplicarmos veementemente a primeira parte do capítulo dois de Tiago ao contexto evangélico pós-moderno. Uma vez que, sem dúvida, esse (des)preparo e este (des)interesse de nossas igrejas não nos apontam outra coisa senão o grande erro da ACEPÇÃO.
Obviamente Tiago está tratando naquele contexto quanto à deferência aos ricos e a indiferença para com os pobres. O que também na verdade não deixa de ser um problema social. Contudo, a aplicação deste ensino reflete diretamente na questão aqui discutida, pois a recomendação do apóstolo em não se fazer acepção implicava justamente em que os cristãos não deveriam formar os seus (pré)conceitos baseados apenas em exterioridades. O ponto alto aqui então, fica justamente com a seguinte questão: A quem nossas igrejas visam alcançar? Quem merece ouvir e freqüentar nossos cultos? A que público alvo nossos templos são projetados para receber? O que querem dizer alguns cristãos quando expressam interesse em se construir uma sociedade “forte” e “sadia”? Que programações nossas igrejas oferecem às pessoas que estão dentro e fora delas?
A bem da verdade precisamos ser honestos conosco mesmos, pois por mais que tenhamos desempenhado com fidelidade o nosso “Ide”, Nunca na História das igrejas evangélicas desse País foi tão necessário, como agora, reconhecermos que temos esquecido que essas “pessoas especiais” também necessitam ouvir a respeito da salvação, não só para recebê-la, mas também para desenvolvê-la com temor e tremor. Portanto, precisamos rever os nossos conceitos. O próprio Tiago é quem também diz: “Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos” (v.10).
O investimento em projetos sociais / evangelísticos com o propósito de alcançar, discipular e enviar deficientes físicos, alterando a própria estrutura física da maioria de nossos templos com a implantação de rampas e corrimãos, treinamento de pessoal e aquisição de materiais (como curso de libras ou como a Bíblia em braile, por exemplo) não só traria nova vida e motivação à igreja, como também tiraria de nossos ombros o preconceituoso pecado da acepção.
Devemos nos lembrar que a porta do Céu é estreita, mas sem dúvida, ACESSÍVEL a todos os que n´Ele crêem. E para que possam crer não poderão ser “esquecidos"!


[*] O autor do presente artigo é Pastor titular na Segunda Igreja Presbiteriana de Goiânia; Graduado em História pela Universidade Estadual de Goiás; Especialista em Bíblia (teologia bíblica) pela Universidade Mackenzie e Bacharel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano Brasil Central.

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